É usual que nessa época as pessoas se proponham metas a atingir no ano que se inicia. Tipo: deixar de fumar, fazer mais exercício e assim por diante. Por isso, acho que seria uma boa idéia propor aos freqüentadores desse Portal recolher sugestões sobre o que poderíamos ou deveríamos esperar que acontecesse em 2011 no campo de educação no Brasil.

          Numa primeira fase sugestões seriam apresentadas, justificadas e relacionadas. Em seguida, ordenaríamos em ordem de prioridade, e recolheríamos as opiniões que se quisesse apresentar. Finalmente, as sugestões seriam ordenadas conforme os “votos” recebidos.

          E assim, aqui neste portal, abriríamos um espaço ventilado de discussão sobre preocupações que povoam as cabeças de educadores brasileiros, na esperança de contribuir para colocar idéias e prioridades em ordem. Ganharíamos todos.

          Atrevo-me a sugerir um exemplo: por que é tão grande a evasão no ensino médio, sobretudo nas redes púbicas de ensino? Por que fração relevante de uma parte da população jovem, aquela chega a se matricular no ensino médio, abandona a sala de aula ao longo dos três anos do curso, e de forma tão desigual entre as redes pública e particular? E justifico: a resposta que encontrarmos para essa pergunta é essencial para que se possa pensar em formas de reter na escola por mais tempo uma população que já se encontra nela, e dela se afasta por razões mal conhecidas, apenas muito especuladas.

          Aquilo que o ensino médio oferece aos jovens brasileiros é relevante em si ou é apenas importante para chegar a outro patamar? O problema é antigo, já consagrado como preocupação, mas jamais enfrentado. Recentemente o caráter propedêutico do ensino médio apenas ficou mais claro: serve para fazer um bom Enem, que facilita o acesso a um curso superior – e isso em parte explica porque a evasão é mais freqüente entre a população do ensino médio da rede pública.

          Bom. Mas o aquilo que o ensino médio oferece e pode oferecer se reduzirá ao acesso ao ensino superior, objetivo que uma vez semeado se instalou na opinião da maioria das pessoas? Será que os conteúdos dos currículos do ensino médio atendem aos interesses e necessidades de quem tem outros objetivos que não ingressar numa universidade?

          Ou devemos nos preparar para voltar à divisão dos ramos de ensino, anterior à lei nº 4.024/62, quando só os concluintes do então curso secundário podiam candidatar-se à universidade, o que era barrado aos concluintes do ensino industrial e do ensino comercial? Será que hoje o preparo de um jovem para desafios e possibilidades que lhe sejam mais urgentes do que um curso superior serão mais bem atendidas por esse caminho excludente?

          Em suma, o que estamos fazendo hoje para que o ensino médio se torne tão irrelevante para tantos, a ponto de fazê-los largá-lo? E, numa hora em que o país começa a sentir falta de mão de obra, serão as velhas formas de ensino “profissionalizante” ou “técnico” suficientes para os jovens de hoje e para o país de amanhã?

          Isso é apenas um exemplo. Haverá outros, tantas são as indagações que o atual quadro da educação nacional coloca. Creio firmemente que encontrá-las, ordená-las, e trabalhar para organizar nosso pensamento será muito útil a todos, e a ABE tem a indispensável independência e indiscutível competência par dar sua colaboração.

          Fica posta a idéia, e um Ano Novo muito feliz a todos!

 

Edgar Flexa Ribeiro

Presidente