A nossa ABE reúne hoje algumas características muito singulares no panorama da educação brasileira.

Ela é uma entidade civil na mais ampla expressão do termo: independente, autônoma, aberta a quem a procura, criada e mantida sem nunca se ter fechado em nenhum tipo de posição dogmática pré-determinada, sem restrição a qualquer forma de pensamento nem a quem queira se manifestar.

Ao contrário de muitos outros órgãos, a ABE não é composta por representantes de segmentos ou parcelas da comunidade educacional.

Não há nada de mal em representar algum tipo de posição, segmento ou interesse. Mas, na qualidade de representante, fica o membro de um colegiado ou associação comprometido com posições que eventualmente podem até nem ser as suas, mas que o obrigam. Nesse sentido, como representante, fica-se limitado na liberdade de expressar pensamento autônomo, e muitas vezes  impedido de manifestar-se e contribuir livremente no debate de idéias.

E na ABE ninguém representa nada a não ser a si mesmo, às suas próprias idéias e ideais. No seu contexto a ABE está aberta a todo e qualquer tipo de contribuição que um associado queira expressar.

Os compromissos da ABE são com o país e com a educação. Quem tiver a dizer terá lugar, quem quiser debater, expor, sugerir, propor terá quem o ouça e considere livremente as razões que apresentar.

Por isso a ABE é hoje um espaço raro no país: um espaço em que a educação pode ser pensada livremente, como livremente estamos pela Constituição livres para pensar. E o país precisa muito pensar livremente na sua educação.

Educação nacional não é problema pedagógico. Educação é problema político, no sentido maior, mais abrangente, mais nobre da palavra.

Os prazos em que são colhidos os resultados do esforço nacional na educação são longos. Os compromissos assumidos nesse esforço devem ser muito bem considerados – as mudanças a meio do caminho tornam o percurso muito mais longo, e os resultados mais remotos. E isso é mau.

Ninguém pode ser livre para pensar e expressar-se se não for livre para aprender e para ensinar. Esse compromisso constitucional básico não pode ser esquecido, e cabe a nós hoje, na ABE, colaborar para que não seja esquecido.