Tudo que se assimila “a frio” se assimila mal, seja o estudo, seja o trabalho, seja o amor.
O amor, por exemplo, praticado com romantismo, tem outro sabor. E se, ainda por cima é precedido pela chamada “bossa da conquista”, aí então não há ser humano que resista...
Aplique-se esse ritual ao aprendizado e teremos, sem sombra de dúvidas, muito, mais aprendizes prazerosos do que alunos cruelmente coagidos.
Quando li “Fogo Morto” de José Lins do Rego ou “Tambores de São Luis” de Josué Montello ou “Casa dos Espíritos” de Isabel Allende ou quando assisti ao filme “Cinema Paradiso” de Guisepe Tornatore ou quando vi, no Egito, os templos de Luxor (só para citar alguns exemplos), tudo isso tomou conta de meu interior de forma absolutamente inesquecível, simplesmente porque me emocionou.
Emoção marca: e marca ou sai com dificuldades ou não sai nunca!
O professor tem de ser, antes de tudo, um “emocionador”, seja por conta própria, seja recorrendo a terceiros (se, sozinho, não se sentir capaz de fazê-lo) no sentido de preceder as aulas ou intercalá-las com recursos de emoção, caso queira tornar, realmente, sua aula “elétrica”, vibrante, atraente, agradável e descontraída. Caso não queira, que dê somente a matéria...
Um pensamento bonito para reflexão, enunciado no princípio da aula, ou uma inteligente anedota, no final, coroada com uma boa gargalhada, ou ainda, uma pequena história real que contenha episódios tristes e alegres, creio que mexerão muito com a emoção do aluno, tornando-o, por isso mesmo, bem mais permeável a absorver o ensinamento ministrado do que se este lhe for transmitido “a seco”.
Em outras palavras: é preciso provocar a sensibilidade do aluno e não apenas aguçar-lhe o olhar e a audição. Não bastam os sentidos: é preciso mobilizar os sentimentos.
A lágrima e o riso têm de ser “catalogados” como importantes armas pedagógicas, seja na transmissão da informação, seja no desenvolvimento do processo de formação.
A conquista do espírito do educando tem de ser objeto de uma luta constante do professor. Essa conquista não se obtém somente pelo saber, mas, também, pelo sabor do afeto, do riso, da firmeza serena, da narração de amenidades e, às vezes, até mesmo, a título de bom exemplo, de um pouco de autobiografia...
Que haja sedução: eis a questão!
Dar apenas a matéria do dia é tornar a aula material demais, quando, na verdade, para “prender” e se tornar inesquecível, ela exige, também, um pouco de “pitada” espiritual.
O bom líder é o que emociona. Emocionando é que ele envolve e, ao envolver continuamente, torna-se ansiosamente esperado, aplaudido (quando não por palmas, mas por palpitações), querido, admirado, desejado e, portanto um tipo inesquecível.
O grande professor é, sobretudo, o que “mora” na alma do aluno. É aquele que “fica” na sala mesmo após ir embora dela com o toque do sinal...
A aula deve ter um quê de drama, não no sentido corrente, traduzido pelo aumentativo da palavra: - dramalhão – mas na acepção pura da arte dramática em que o professor é o ator – em dimensão holística – e o aluno uma plateia não passiva, mas, sim, de reação interativa. E para essa interação, evidentemente não precisava o aluno estar no “palco”.
No cinema ou no teatro ou no show ou no concerto, a empatia se dá por “ondas”. Eu me enlevo quando o intérprete conquista meu espírito. E, às vezes, vai-se além do enlevo para se chegar ao arrebatamento: É o clímax! É o orgasmo do espírito!
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