Dia dos pais 2015 e a educação
A correria sempre lembrada de dias, meses e anos, muitas vezes tem distanciado pais e filhos que se juntam de forma esporádica e às vezes insólita neste corrido 2015. A Escola está sendo responsabilizada por tarefas que não lhe competem!
Já nos alertava Philippe Meirieu “A escola não pode, sozinha reparar todas as feridas da sociedade”. “A educação é responsabilidade coletiva, de todos os adultos, absolutamente todos!”
Os pequeninos por vezes são levados para as creches cada vez mais cedo, por um dos pais e apanhados pelo outro sempre na correria. Avós muita e muitas vezes são convocados ou já escalados para tal tarefa. Será mesmo essa qualidade de vida que queremos?
Paremos para refletir no que anda acontecendo à volta. Consumismo pegou cada um de nós de forma devoradora. Que fazer afinal?
Os filhos mais velhos e às vezes nem tanto andam sempre com seus Iphones e outros aparelhos e mal grunhem uma resposta - sugiro a leitura do livro “Os Largados” de Michele Serra editado no Brasil em 2015, um alerta para estes tempos de pais sem saber como exercer tal função!
Cursos são oferecidos nas empresas, e por particulares para a Programação do tempo, acenando com tempo de qualidade como formulas prontas. Sabemos que não é bem assim. A “mudança”, qualquer delas, precisa ser interna!
E mais, classes sociais diferentes andam aturdidas com os mesmos problemas. NÃO SABEMOS mais COMO EDUCAR nossos FILHOS: consumismo, novos instrumentos.
Merecem atenção especial e reflexão cuidadosa os informes sobre as cartilhas de gênero que estão sendo produzidas no Brasil. Fala-se inclusive que em São Paulo já estão prontas. Não se precipitar, mas estar atento ao que afinal se pretende é tarefa diuturna dos pais. Em relação à educação há avanços governamentais - o público invadindo o privado do que pertence ao foro de sua casa, que merecem nossa atenção.
Cabe solicitar informes, instigar órgãos competentes a dar explicações do que se trata afinal. Consideramos que famílias devem ser informadas, pois a modificação no tocante à educação tangencia mudanças profundas inclusive contrariando como se forma o caráter de uma pessoa que é palavra que vem de charasus o que imprime.
Bem a família vem se encolhendo nas ultimas décadas e se tornou massa empobrecida de valores básicos formadores da ética que como afirma o Dalai Lama por ocasião de seus 80 anos em 2015 “A Ética é mais importante que a religião” Há que se fazer profunda reflexão sobre tal depoimento vez que a Educação precisa do berço lembremos “a mão que balança o berço passa valores”. A família não pode se omitir e está acossada. Educadores podem trazer luzes para tais discussões que se avizinham polemicas. Educar é saber dar limites e incentivar as potencialidades diferentes de cada um de nós.
A idade adulta sim será então vivenciada pelas pessoas como lhes aprouver, baixo sua responsabilidade; tal não pode se dar na infância ou adolescência época de formação sendo atendidas as diferenças individuais, mas não acovardando pais que perdidos não sabem como agir.
O amor, o respeito, a cooperação solidária, a honestidade, vão ajudar a sair desta espiral descendente em que nos encontramos, fazendo a ponte com novidades em todas as áreas que nos bombardeiam diariamente.
Sabemos estar a Civilização Ocidental no ponto descendente da civilização, Toynbee o grande historiador inglês nos ensinava serem as civilizações organismos vivos com nascimento, desenvolvimento e queda. Foi assim ao longo da História Universal. Não há novidades. Estamos despencando!
Ao mesmo tempo temos notícias de um pai jovem que chega a casa e pega o filho no colo desde bebezinho coloca musica e dança com ele; o garoto faz o maior sucesso na creche, pois tem esse repertório e dança nas festas alegremente; aprendeu com o pai!
Outro jovem procurador do estado diz ao filho de pouco mais de um ano, “vamos praticar a leitura” assim mesmo e o menino pega um livrinho de sua cesta de livros e senta-se ao lado do pai...lendo. Outro dia foi hilário pois chegando à casa do avo pegou um livro, sentou-se no chão da cozinha e disse! “Vovô praticar leitura” e o avô que estava acabando de lavar a louça disse espera aí, pegou uma cadeira e foi assim que acabou a tarefa dele - lavar a louça, praticar a leitura. Coisas de cada casa: um dança outro lê e assim vão sendo passados os valores da família!
Gosto de contar que fui alfabetizada - sem querer - por mamãe que dentre os afazeres domésticos respondia às minhas curiosidades e um dia eu li tudo sem saber escrever uma palavra, sabia ler e amava. Mamãe disse que eu apresentava atração especial pelas letras e era - sou extremamente curiosa. Ela respondia que as letras davam a mão AMOR volto a repetir faz coisas interessantes na alfabetização. Depois de sete anos no Instituto de Educação, fui alfabetizadora - uma experiência impar!
Estudo, no momento, Alfabetização de pessoas de 60 anos e mais e já escrevi o artigo: ALFABETIZAÇÃO com pessoas de 60 anos e mais: reflexões, na Revista indexada Caderno Geração da ANG RJ–Associação Nacional de Gerontologia do Rio de Janeiro ano5 nº 6 de abril de 2015, pp.07 - 20.
Como nosso mote é o Dia dos Pais, desejo FELIZ DIA dos PAIS 2015, nos encontraremos no próximo ANO!
Este artigo reflete, única e exclusivamente, os pontos de vista e opiniões do(s) seu(s) autor(es) e não as da Associação Brasileira de Educação - ABE que, portanto, não é responsável nem poderá ser responsabilizada pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza causados em decorrência do uso de tais informações.
Aqui tudo se compra
Uma matéria, publicada num jornal, reportava que, desde 2008, 620 escolas americanas receberam recursos da National Math and Science Initiative, ONG criada para premiar financeiramente estudantes que tiram boas notas em provas nacionais de Ciências, Matemática e Inglês. A reportagem informava que o prêmio será estendido a mais instituições. Vale a pena pensar sobre tal ideia. O simples fato de se ter instituído esse prêmio num país desenvolvido, nos coloca diante da constatação de que, não apenas no Brasil gostar de estudar e de aprender - como já comentei aqui -, vem se tornando sério problema para pais e professores. Não se pode deixar de relacionar o fato com a supervalorização de bens materiais em detrimento de valores mais elevados na sociedade de hoje. Por que tal desinteresse? A análise não é simples. Daria para elaborar livros e mais livros a respeito, e talvez não se esgotasse o assunto, porque são muitas as variáveis que interferem na motivação para aprender. Vamos nos ater a uma apenas: Até que ponto o Brasil do século XXI incentiva jovens a valorizarem o saber? Dá para quantificar? Não é fácil, sei; porém não tenho dúvidas de que se pode perceber, sem dificuldade, que a nossa sociedade não favorece o esforço que envolve estudar para valer. O que se sente com clareza escancarada é o enaltecimento da beleza, da juventude, do bumbum durinho, incrível. Não por outra razão o Brasil se encontra no topo dos países com maior número de cirurgias para implantes de silicone. E quem é que aqui corre atrás dos nossos cientistas para obter uma foto? Talvez alguém me pergunte: Peraí, mas nós temos cientistas no Brasil? Sim, temos. Muitos e ótimos, o problema é a visibilidade (ou invisibilidade?) que têm: Nenhuma! Já quem está na telinha tem não apenas exposição constante: junto lhes atribuem também credibilidade. Sim, opinião de famosos, para muitos, é ordem! O que vestem, como usam o cabelo, a cor do esmalte tudo é copiado! Por isso se contratam mais atores e cantores como garotos-propaganda para os variados itens de consumo no lugar de quem escolheu a profissão - que praticamente nem mais existe. São as celebridades que as empresas querem para defender e vender seus produtos. Aliás, creio mesmo que os mais jovens nem ao menos saibam o que o termo significa! Como esperar que nossos filhos queiram pesquisar a cura de uma doença? “Só louco, meu” - diriam os paulistas -, e “qual é, mermão?”, se fossem cariocas a responder -, assombrados ambos com a insensatez da colunista. Como sonhar com uma sociedade em que os valores sejam o saber e a cientificidade? Como projetar a sociedade do conhecimento, se não se valoriza quem passa a vida estudando (e ganhando pouco)? O resultado começa a aparecer quando, mesmo em países desenvolvidos, se precisa inventar fórmulas que tornem desejáveis, a jovens cérebros em construção, investir esforços e suor diários para o verdadeiro progresso da humanidade. Mais triste do que isso é perceber que as soluções que o mundo vem encontrando permitem constatar outro grave problema da sociedade pós-moderna: dinheiro é a chave de tudo. Como esperar dedicação aos estudos quando tudo que se oferece às novas gerações é o vil metal, único valor apreciado?
Este artigo reflete, única e exclusivamente, os pontos de vista e opiniões do(s) seu(s) autor(es) e não as da Associação Brasileira de Educação - ABE que, portanto, não é responsável nem poderá ser responsabilizada pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza causados em decorrência do uso de tais informações.
Luzes da Juventude
Nosso amanhecer nos pegava já sorrindo! O sol, com seu brilho, não afetava nossos olhares querendo nos fazer evitá-lo. Ele se espalhava por toda parte, no jardim com seus canteiros floridos, no pequeno quintal de nossa casinha, nas varandas...; e penetrava intrometido pelas frestas das janelas e portas, dando um toque especial em todo o interior, não só da casa como de nossas almas... Em seguida, projetava-se sobre nossos desejos e sonhos que poucos não eram. O da procriação predominava nessa época e percebíamos novas vidas como os casulos do jardim deixavam a todos antever!
Ríamos, juntos, das figuras disformes formadas pelo chão, em direção às quais nosso peludo cãozinho, este sim assustado, latia e rosnava. O colo o acalmava e ele, agradecido, passava a linguinha em nossos braços, lambuzando-os carinhosamente.
Um bem-te-vi, todo faceiro-este sim sem medo-mergulhava nas águas mansinhas da pequena piscina à frente do jardim, bicando suas penas, como que para se molhar melhor, e voltava ao muro coberto de hera, onde a brisa não conseguia soprar, espreguiçando-se e sacudindo as pequenas asas para borrifar à sua volta o excesso de água clorada.
Tudo resplandecia felicidade. Saíamos a passeio, brejeiros como borboletas que já se iniciavam em pequenos voos, de galho em galho, colorindo o verde da natureza, na esperança de encontrar amigos que dividissem conosco novidades sempre benvindas e agradáveis, que nos permitissem sentir o mundo exterior, a vida lá fora, como partes dele e dela que queríamos ser.
As tardes quentes - tônica de nossa região - vinha, aos poucos, chegando, aquecendo ideias, pensamentos, sentimentos e planos.
O amor não conseguia descansar, nem cochilar - tão forte sua energia preparando-se para a vida intensa que a noite invariavelmente trazia.
Noite sem escuridão!
Da janela olhávamos ansiosos pela queda de alguma estrelinha para expressar nossos pedidos, e tornar realidade sonhos latentes. Só certezas povoavam nossas mentes. Mentes jovens e otimistas que se sentiam como folhas novas e verdes sobre rios, ao sabor da correnteza. Não importava se saberíamos boiar... Uma brisa fresca - aqui sim, leve e perfumada - os dirigia o rumo, sem qualquer timão ou proa, levando-nos sempre ao lugar certo, perfeito.
A noite se fechava coroando-nos como majestades sem trono, sem manchar nossa felicidade.
Tempos idos que não retornam mais!
Este artigo reflete, única e exclusivamente, os pontos de vista e opiniões do(s) seu(s) autor(es) e não as da Associação Brasileira de Educação - ABE que, portanto, não é responsável nem poderá ser responsabilizada pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza causados em decorrência do uso de tais informações.
Tristeza Educacional
Não encontrei expressão mais adequada - "TRISTEZA EDUCACIONAL" - para batizar o nosso sentimento de desencanto sempre que nos referimos à Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) da rede pública brasileira, salvo, evidentemente, honrosas exceções.
Parodiando Casimiro de Abreu, posso, com a minha própria experiência pessoal, declamar:
"Ai que saudades educacionais
Que eu tenho
Daquela minha infância querida
Que os anos não trazem mais."
e ilustrar a paródia com a formação recebida no Colégio Estadual de Santos (cidade onde conheci a mocidade) considerado, nas décadas de 40 e 50, um dos melhores colégios do Estado de São Paulo (incluindo-se os particulares), onde só se entrava -como no Colégio Pedro II de hoje - por submissão a um rigoroso concurso, tantos eram os candidatos para tão poucas vagas. E a maioria arrasadora era de classe média!
É bem verdade que, ao contrário dos tempos atuais, não havia a universalização do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Não se pode negar que as portas escolares, no século XXI, abriram-se para todos, mas, por outro lado, tem de se reconhecer que tal ESCALA não assegurou qualidade à nossa atual ESCOLA.
E a frustração nacional se alavanca, quando se sabe que a carga tributária brasileira sendo, "per capita", uma das maiores do mundo, o que se tem como contrapartida é "um dos piores sistemas públicos educacionais do mundo" (Darcy Ribeiro ao apresentar, no Senado, o substitutivo que originou a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional).
O poder público brasileiro, de um modo geral, acostumou-se (este é o verbo), secularmente, a não considerar a educação como "um bem de primeira necessidade". Esse costume trouxe um efeito colateral grave: não reconhecer o Professor como o profissional de maior efeito multiplicador em qualquer sociedade do planeta.
Se, hoje, somos o que somos e temos o que temos, cultural ou economicamente, é porque professores tivemos em uma certa época de nossas vidas. E não obstante tamanha importância tão exaltada nos palanques, é relegada, ostensivamente, nos palácios. É a ação que não se coaduna com o discurso; é a ingratidão dos ex-educandos (governantes de hoje) com seus educadores de ontem (os professores de seu passado).
Tenho fundados receios de que já seja um componente cultural, nosso, a postura do poder público de não morrer de amores pela educação. Leva-a para a mesa, mas não a leva para a cama... Não digo que a odeie, mas, pelo menos, civicamente, não a ama.
Não é que recursos públicos sobrem a se perder de vista. Não! O que sobra é a falta de vontade política de se consagrar a e-s-s-e-n-c-i-a-l-i-d-a-d-e da educação. Falta o esforço olímpico nesse sentido.
Se os "tigres asiáticos" conseguiram-no, por que não poderemos nós consegui-lo? Reconheço que o governante que se disponha a essa tentativa tem de ter coragem e carisma e, em sua catequese, é imprescindível o apoio maciço do 4o poder - a imprensa - e o da sociedade civil organizada - o poder dos poderes!
Há um ditado popular que reza: "Comer e coçar é só começar"... Ora, como estamos em um ano eleitoral (escolha de nossos executivos e legislativos nas esferas federal e estadual), então, creio eu, é chegado o momento de começar a "comer e coçar educação".
Como?
Alterando-se as dotações orçamentárias com corajosos detrimentos em favor de inadiáveis prioridades, despertando, dentre elas, com insuperável fulgor: a educação!
E como os mandatos são de quatro anos, eis aqui uma bandeira a ser desfraldada-
"PRÓXIMO QUATRIÊNICT: EDUCAÇÃO BOA PARA SEMPRE".
Posso estar repetindo lugares comuns (aliás, tenho consciência disto), mas como dizia Goebles (Ministro da Propaganda do governo nazista): "Quanto mais repetida, até uma mentira se torna verdade". Ora, se o princípio vale para credibilizar a mentira, o mínimo que se pode fazer - para que esta máxima impere - é repetir, repetir, repetir a verdade. Sempre!
Poderíamos, daí, até arriscar a enunciação do seguinte teorema: "vontade repetida+ apoio geral = realidade conquistada".
Se sua demonstração for acatada por "gregos e troianos" de norte a sul, então, podemos jurar que todos nós, todos, passaríamos a sentir , ao contrário do título deste texto, uma vibrante e incontível "ALEGRIA EDUCACIONAL".
Este artigo reflete, única e exclusivamente, os pontos de vista e opiniões do(s) seu(s) autor(es) e não as da Associação Brasileira de Educação - ABE que, portanto, não é responsável nem poderá ser responsabilizada pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza causados em decorrência do uso de tais informações.
Olhar para a Frente
Lembro cada frase do livro "Noite", escrito por Elie Wie-sel. É o retrato nítido das recordações do sofrimento humano, do desrespeito a velhos e crianças, da bestialidade a que pode chegar um grupo de pessoas, falando em nome de uma suposta pureza da raça. Não se deve proclamar que o nazismo foi sepultado com a derrota de Hitler. Há manifestações do seu ressurgimento, na violência praticada em diversos países, a pretextos distintos.
O escritor romeno Elie Wiesel foi arrancado das suas raízes para viver o inferno de Auschwitz. O seu registro é dramático: "O inimigo do amor não é o ódio, mas a indiferença." Ganhou o Prémio Nobel da Paz de 1986 e hoje percorre o mundo, como mensageiro da paz, condenando a omissão que acaba se transformando numa forma passiva de colaboração.
Faço essas considerações ao tomar conhecimento de que a Federação Israelita do Rio de Janeiro prepara-se para desenvolver um projeto intitulado Museu Judaico, que teria como sede o antigo templo da rua Tenente Possolo, palco de memoráveis realizações. Serão ouvidos sobreviventes dos campos de concentração que conseguiram escapar das câmaras de gás e fornos crematórios.
Ao visitar o Museu do Holocausto de Washington (EUA), além de incríveis depoimentos, não pude deixar de me comover com os milhares de sapatos dos prisioneiros, ao lado de fios de cabelo e sofisticados objetos de tortura. Lembrei, sob torte emoção, do depoimento da minha tia Rosza, que escapou de Auschwitz, fingindo-se de morta, num monte de cadáveres. Ela foi viver em Israel, não gostava de falar das atrocidades, mas mostrava o selo com que foi recebida no campo de concentração: a tatuagem com o número A-19386. Ficou marcada para sempre.
Como jornalista, conheci os campos de concentração de Buchenwald e Da-chau, o primeiro na antiga Alemanha Oriental e o segundo na Alemanha Ocidental. Diferiam num ponto: Buchenwald era um campo de trabalhos forçados, onde morreram de fome, frio e sede cerca de 60 mil judeus. Dachau era um local de amplo extermínio, onde a estupidez nazista se fez presente em todo o seu significado.
Volto a Elie Wiesel para recordar que ele estava em Buchenwald quando a Guerra terminou, em 1945. São suas palavras: "É preciso lembrar, mas é preciso também fazer. É preciso ter a consciência do passado, mas é fundamental ter um projeto para o futuro." Ele vive nos Estados Unidos, mas viaja sempre, com a missão de testemunhar o horror do Holocausto, que alguns antissemitas dizem que não aconteceu ou que sacrificou "apenas" um milhão de judeus, quando se sabe que foram seis milhões. Não há silêncio que se justifique diante do tamanho dessa tragédia.
Este artigo reflete, única e exclusivamente, os pontos de vista e opiniões do(s) seu(s) autor(es) e não as da Associação Brasileira de Educação - ABE que, portanto, não é responsável nem poderá ser responsabilizada pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza causados em decorrência do uso de tais informações.
Negativismo versus competência
Inevitável, em certo momento da vida, em se revisitando cada um o seu passado, não relembrar o que lhe deixaram de lembrança, mais forte ou nenhuma lembrança, as pessoas que cruzaram seu caminho profissional, amoroso ou afetivo. Se bem que os três sejam dissociáveis, já que o ser humano não está estruturado em pedaços coloridos como um pachwork, mas sim como um ser inteiro e completo.
Mas há cores que, sendo mais firmes e demorando a desbotar facilmente, por serem mais fortes e mais alegres, se sobressaem sobre as outras, nesse trabalho de recorte e colagem que o cérebro (ou alma) produz automaticamente, sem a interveniência direta de cada ser humano.
Sua disposição não é completamente aleatória sendo relativamente determinada em conformidade com o momento de vida e o estado de espírito predominante em cada instante.
Divertindo-me com o processo e com as reflexões decorrentes, passeei pela vida profissional de amigos professores, tentando achar a potência e a durabilidade das cores que a cercaram e seus efeitos.
A pouca competência que talvez hajam apresentado pareceu ter sido útil e admirável a várias interfaces e vetores de sua vida comunitária: chefias, educadores, colegas professores, eventualmente comandados e orientados, alunos e outras figuras componentes de comunidades escolares e educativas. Procuro onde houve melhor ou pior acolhida de seus trabalhos e vou me surpreendendo com minhas conclusões
É claro que em se tratando de sala de aula, sua melhor aceitação foi encontrada entre os alunos que sabem expressar, sem costuras intermediárias, sem grafites ininteligíveis, sua satisfação diante de um trabalho que eles sentiram esforçado, a eles dedicado e efetivo, e que lhes tenham produzido frutos com relação ao conhecimento.
Uma grande vitória surge nesse estágio diante dos olhos de todos, enchendo-lhes o coração e a mente de alegrias que não são dali arrancadas de forma alguma.
Compreende-se que a interferência de estranhos às áreas trabalhadas é uma tentativa malograda de insucesso.
Mas se alargamos nosso campo de observação, expandem-se também as chances de experiências negativas, porque o homem adulto lamentavelmente é mais imperfeito que a criança. A seu caráter acham-se já incorporados os resultados de suas próprias experiências, nem sempre vitoriosas, que o tornam menos compreensivos ou mais críticos. A não análise imparcial e indulgente do trabalho do outro provoca, com certeza, um maior reforço de aspectos negativos sobre os favoráveis. A memória faz-lhe esquecer tudo de bom, real, e verdadeiro que lhe foi atribuído com extrema dedicação.
Dessa pequena confusão mental surgida sente-se que afloram sentimentos menores que em nada enobrecem pessoas, nem a que julga, nem aquela a quem se pretende definir.
A isenção de espírito prejudica-se ainda mais com a sombra obscura do desejo de terem tido os mesmos sucessos do outro, fazendo nascer, agora com clareza, uma certa desconsideração e desrespeito com relação a grupos que se desviaram em seus caminhos, separando-se na vida real.
Lamentavelmente, esta é uma característica recorrente daqueles que se dedicam ao magistério. Não são bons julgadores dos colegas. E se estes se afastam de seu convívio por motivos que só a eles interessam, percebe-se uma forte predisposição a isolá-los, a desconsiderá-los como colegas de um trabalho conjunto que fizeram, anteriormente engajados que estavam num mesmo ideal.
A troca de experiências, os diálogos, o debate e discussões sobre temas importantes que permeiam nossa sociedade, em geral cessam.
Aquele que deixou de frequentar ambientes escolares ou do próprio sistema, parece servir de mais nada. Torna-se produtivo colocá-los no ostracismo para seu brilho de outrora não ofusque os que no presente e no futuro queiram ver suas estrelas brilharem mais intensamente e mais alto.
Este artigo reflete, única e exclusivamente, os pontos de vista e opiniões do(s) seu(s) autor(es) e não as da Associação Brasileira de Educação - ABE que, portanto, não é responsável nem poderá ser responsabilizada pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza causados em decorrência do uso de tais informações.
Página 10 de 11