Em defesa do Novo Ensino Médio
Março de 2023.
Depois de várias décadas de currículo unificado, a Reforma curricular do Ensino Médio veio a ser instalada na retomada pós pandemia e em meio a um momento político de intensa polarização. Ao longo de boa parte do século XX educadores brasileiros polemizaram acerca desse tema, que permeou a História da Educação no Brasil. A ideia de uma escola unitária, padronizada para todos os alunos, foi percebida, durante muito tempo, como solução para a superação de um grave problema do sistema de ensino brasileiro: a sua "dualidade". Nessa perspectiva, essa seria a estratégia necessária para, através da escola, superar-se as desigualdades sociais.
Somos contemporâneos de uma grande revolução tecnológica cujo impacto gera instabilidade política no mundo, pondo em xeque até as condições para a democracia. Esse contexto será determinante para as circunstâncias em que se desenrolará a trajetória de vida da próxima geração. Nunca antes uma geração de educadores enfrentou o desafio de conceber trajetórias escolares em meio a tanta imprevisibilidade. Mais do que nunca, portanto, tornam-se necessárias as inovações em termos de ensino .O Projeto de Reforma Curricular vai na direção certa ao contemplar o respeito à diversidade como importante atributo dos sistemas de ensino, potencializando a flexibilidade e a inovação.
Ao se aproximar o fim da segunda década do século XXI, tornou-se flagrantemente anacrônica a pretensão de se atrelar as práticas escolares ao que seja ditado pelo governo central. A essa altura, a possibilidade de que se condicione, subordine e atrele o currículo e a escolaridade das novas gerações ao que tiver sido previamente previsto e prescrito pelos governantes é, definitivamente, ideia que perdeu o prazo de validade. O amadurecimento das sociedades democráticas é favorecido pela liberdade de pensamento que, por sua vez, é fomentada pela liberdade de opinião, de expressão e de ensino. A inovação curricular, hoje tão necessária, brotará da liberdade que para ousar e experimentar.
Nesse cenário, o currículo do Ensino Médio encontra, finalmente, condições de ser flexibilizado. A Reforma Curricular põe em pauta projetos de país, o tamanho do Estado e o grau de liberdade facultado aos educadores e aos cidadãos. Cabe às escolas e aos professores identificar os programas mais pertinentes. Sobretudo, cabe a cada família discernir o tipo de escolaridade que mais condiz com suas perspectivas. Por coerência com a sua trajetória e o seu propósito, a Associação Brasileira de Educação se empenha pela Reforma. Afinal, a flexibilidade e a diversidade curricular dizem respeito, sobretudo, ao direito de escolha das famílias e das novas gerações, um direito incondicional de cada estudante brasileiro.
Associação Brasileira de Educação - ABE
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