A educação infantil na base curricular nacional
Volto à Base Nacional Comum Curricular, mesmo após a mudança ministerial, por acreditar que quem está chegando não vai desprezar o Documento elaborado à época do Ministro anterior, pelo bem da educação básica brasileira. Mesmo que a BNCC apresente lacunas e pouca ênfase em alguns segmentos da escolaridade, não é para ser desprezada. É para ser analisada, receber sugestões e ser aperfeiçoada, pois é extremamente importante para melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem e para ser considerada na organização curricular dos cursos de Pedagogia e nas Licenciaturas.
Assim sendo, o artigo de hoje refere-se à Educação Infantil.
Para quem ainda não se debruçou sobre a Resolução CNE/CEB nº05/09 é importante que o faça, pois ela serviu de farol para iluminar o trabalho realizado pela Comissão instituída pelo MEC, para elaborar a BNCC.
O artigo 4º da Resolução nº5 diz que “a criança é um sujeito histórico e de direitos, que brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e sobre a sociedade produzindo cultura.”
Esse potencial aponta “para o direito de as crianças terem acesso a processos de apropriação, de renovação e de articulação de saberes e conhecimentos, como requisito para a formação humana, para a participação social e para a cidadania, desde seu nascimento até seis anos de idade”, quando são atendidas nas creches e pré-escolas. Além de uma correta ação educativa, é preciso que lhes sejam assegurados outros direitos: “proteção, saúde, liberdade, confiança, respeito, dignidade, cultura, artes, brincadeira, convivência e interação com outras crianças.” Em relação ao processo pedagógico, na Educação Infantil, a BNCC chama atenção sobre dois pontos. O primeiro “diz respeito ao modo como as crianças se relacionam com o mundo, os recursos que utilizam para isso, a corporeidade, a linguagem, a emoção. Nessa etapa, as crianças reagem ao mundo guiadas, fortemente, por suas emoções; buscam conhecer diferentes pessoas, adultos e crianças; adquirem maior autonomia para agir nas práticas cotidianas que envolvem alimentação, higiene, na integração do educar e cuidar. As interações e as brincadeiras, em especial as de faz-de-conta, são os principais mediadores das aprendizagens das crianças, e estão presentes nas explorações de objetos e de elementos da natureza, no reconhecimento dos comportamentos dos parceiros, no acompanhamento de uma apresentação musical ou de uma história contada.”
O segundo ponto chama a atenção “para o reconhecimento de que os discursos e as práticas cotidianas vivenciadas nos espaços da Educação Infantil conforma um contexto que atua nos modos como as crianças e os adultos vivem, aprendem e são subjetivados, desde o nascimento, com forte impacto para sua própria imagem e para o modo como se relacionam com os demais.”
O currículo na Educação Infantil “acontece na articulação dos saberes e das experiências das crianças com o conjunto de conhecimentos já sistematizados pela humanidade: os patrimônios cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico.”
Três princípios devem orientar o projeto pedagógico da unidade de Educação Infantil (Res. CNE/CEB 05/09): éticos, políticos, estéticos. Esses princípios “embasam os temas, as metodologias e as relações que constituem o modo de gestão dos grupos/turmas, das unidades e a programação dos espaços da Educação Infantil.
Seis grandes direitos de aprendizagem devem ser garantidos às crianças na Educação Infantil. São eles: “conviver democraticamente, com outras crianças e adultos, interagindo, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento e o respeito em relação à natureza, à cultura, às singularidades e diferenças entre as pessoas; brincar de diversas formas e com diferentes parceiros, interagindo com as culturas infantis, construindo conhecimentos, desenvolvendo sua imaginação, criatividade, capacidades emocionais, motoras, cognitivas e relacionais; participar com protagonismo no planejamento e na realização das atividades recorrentes da vida cotidiana, na escolha das brincadeiras, dos materiais e ambientes, desenvolvendo linguagens e elaborando conhecimentos; explorar movimentos, gestos, sons, palavras, histórias, objetos, elementos da natureza e do ambiente, interagindo com diferentes grupos, ampliando suas palavras e linguagens; comunicar, com diferentes linguagens, opiniões, sentimentos e desejos, pedidos de ajuda, narrativas de experiências, registros de vivências e conhecimentos, ao mesmo tempo em que aprende a compreender o que os outros lhe comunicam; conhecer-se e construir sua identidade pessoal e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento nas diversas interações e brincadeiras vivenciadas.”
Para atender a esses objetivos devem ser criadas experiências de aprendizagem.
A proposta de arranjo curricular apresentada na BNCC para essa etapa da Educação Básica é a de “Campos de Experiência, por ser a forma de organização curricular adequada ao momento de educação da criança até 6 anos, uma vez que os campos potencializam experiências de distintas naturezas, dadas a relevância e a amplitude dos desafios que uma criança até 6 anos enfrenta em seu processo de viver, de compreender o mundo e a si mesma.”
Os Campos de Experiência “incluem determinadas práticas sociais e culturais de uma comunidade e as múltiplas linguagens simbólicas que nelas estão presentes.” São eles: “O Eu, o Outro e o Nós; Corpo, Gesto e Movimento; Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação; Traços, Sons, Cores e Imagens; Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações.”
Para cada um desses Centros, a BNCC relacionou seis objetivos de aprendizagem, que considero importante apresentar, o que me leva a continuar no próximo artigo.
Finalizando, quero fazer referência ao parágrafo introdutório do capítulo da BNCC, destinado à Educação Infantil, por ser relativo a uma questão que, ainda hoje, é observada na prática da Educação Infantil, em nosso país: “A Educação Infantil, nas últimas décadas, vem construindo uma nova concepção sobre como educar e como cuidar de crianças de zero a cinco anos, em instituições educacionais. Essa concepção deve romper com dois modos de atendimento fortemente marcados na história da Educação Infantil: o assistencialista, que desconsidera a especificidade educativa das crianças dessa faixa etária, e também, o escolarizante, que se orienta, equivocadamente, por práticas do Ensino Fundamental.” E ao trecho de uma palestra que fiz no dia 10 de setembro de 1984, ao abrir o “Seminário Internacional sobre Atendimento a Crianças de 0 a 6 anos”, promovido pela Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, que dirigi de 1982 a 1985, após ter mencionado a importância não só de atender, mas de educar as crianças, de zero a seis anos, quer nas creches quer nas pré-escolas: “É preciso, portanto, atender e educar a esse ser único que se impõe concretamente pela manifestação física de sua presença, reveladora do afeto, da alegria, da inteligência, da vontade – mas, infelizmente, tantas vezes reveladora do sofrimento, da desesperança, do medo da fome, do desamor. É preciso atendê-la e educá-la com urgência. Com uma urgência maior porque o desatendimento é fruto de nossa negligência histórica e está a exigir uma ação imediata. Não temos mais tempo para esperar. Não temos mais o direito de errar. Precisamos desencadear uma ação que atenda a todos e que combine a qualidade com a quantidade. A qualidade, apenas seria privilégio – e, portanto, injusta e discriminatória; a quantidade, sem a qualidade, é falácia e sonegação de direitos.”
Este artigo reflete, unica e exclusivamente, os pontos de vistas e opiniões do(s) seu(s) autor(es) e não as da Associação Brasileira de Educação - ABE que, portanto, não é responsável nem poderá ser responsabilizada pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza causados em decorrência do uso de tais informações.
Base curricular necessária
Para escrever esse artigo, sento-me diante do documento impresso com a redação preliminar da Base Nacioal Comum Curricular (BNCC), fruto do trabalho da Comissão instituída pelo Ministério da Educação. É um alentado documento de 301 páginas, que teve como ponto de partida o Plano Nacional de Educação e as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, em suas três etapas.
Seu objetivo é “sinalizar percursos de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos ao longo da Educação Básica.”
Dada sua extensão, vários artigos que escreverei para o “Sem Censura” da Folha Dirigida tratarão da BNCC.
Começo pelos direitos fundamentais para os quais a escola básica deve contribuir, a fim de garantir aos alunos “o desenvolvimento de múltiplas linguagens como recursos próprios; o uso criativo dos recursos de informação e comunicação; a vivência da cultura como realização prazerosa; a percepção e o encantamento com as ciências como o permanente convívio à dúvida; a compreensão da democracia, da justiça e da equidade como resultantes de contínuo envolvimento e participação.”
A seguir, o Documento chama atenção para as necessárias condições que professores e alunos, gestores e demais profissionais deverão dispor nas escolas em que trabalham: um “ambiente de vivência e produção cultural, de corresponsabilidade de todos com o desenvolvimento de todos, contínuo intercâmbio de questões, informações e propostas com sua comunidade, como protagonista social e cultural.” A partir daí, o Documento traça o perfil dessa escola, por etapa da Educação Básica.
Em relação à Educação Infantil, o espaço requer “um ambiente acolhedor, em que cuidados e convívio promovam a socialização, o estabelecimento de vínculos afetivos e de confiança, juntamente com atividades que promovam a aprendizagem e o desenvolvimento.”
Levando em consideração as culturas da comunidade é “necessário criar situações em que o brincar seja contexto promotor do conhecimento de si, do outro e do mundo, em interações amistosas e nas quais se cultivem os cuidados consigo mesmo e com o outro, se estabeleçam atitudes de curiosidade, questionamento, investigação e encantamento.”
Nos primeiros anos escolares do Ensino Fundamental a escola deverá dar “continuidade à Educação Infantil, a par do acolhimento integral à criança e ao apoio a sua socialização.”
Quanto à alfabetização e à introdução aos conhecimentos sistematizados pelas diferentes áreas do conhecimento “deve se dar em articulação com atividades lúdicas, como brincadeiras e jogos; artísticas, como o desenho e o canto; científicas, como a exploração e compreensão de processos naturais e sociais”.
A orientação curricular para os anos iniciais do Ensino Fundamental “precisa integrar áreas de conhecimento, centradas no letramento e na ação alfabetizadora.”
Nos anos escolares finais, “a dimensão lúdica das práticas pedagógicas adquire outras características, em consonância com as mudanças de interesse próprias à faixa etária dos alunos. Essas mudanças devem ser objeto de reflexão dos vários componentes curriculares que devem considerar, ainda, a necessária continuidade do desenvolvimento social e afetivo.”
Como nessa etapa são inseridos novos componentes curriculares a cargo de vários professores é “importante que os compromissos com o processo de letramento, nas dimensões artísticas, científicas, humanísticas, literárias e matemáticas sejam compartilhados entre todos os docentes, o que demanda uma articulação interdisciplinar consistente.”
Já no Ensino Médio, dado ainda o número ainda maior de componentes curriculares, “a articulação interdisciplinar é igualmente importante, no interior de cada área do conhecimento ou entre as áreas. Particularmente cálculo e algoritmos matemáticos, essenciais às ciências naturais, demandam correlações entre diversas aprendizagens e articulação teórica e aplicação práticas.”
O capítulo seguinte da BNCC trata dos princípios, formas de organização e conteúdo para todas as etapas da Educação Básica. Tem início com os direitos e objetivos de aprendizagem relacionados às áreas do conhecimento – Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Linguagens e Matemática e seus respectivos componentes curriculares.
A Base Nacional Comum Curricular refere-se a 60% do currículo. Os outros 40% serão complementados pelos sistemas de ensino, escolas e professores. Esses 40% constituem a parte diversificada do currículo para atender as diferenças regionais brasileiras. É desnecessário assinalar que deve haver articulação entre a parte comum e a diversificada do currículo.
A Base Comum tem como objetivo apresentar os conhecimentos fundamentais aos quais todos os alunos deverão ter acesso para que seus Direitos à Aprendizagem e ao Desenvolvimento sejam assegurados.
Na Educação Infantil, os objetivos de aprendizagem são apresentados “a partir das quatro áreas do conhecimento, tendo como referência campos de experiência potencializadoras das relações das crianças com múltiplas linguagens e conhecimentos.”
Nos Ensinos Fundamental e também no Ensino Médio, os objetivos têm a intenção de oferecer uma orientação mais precisa aos sistemas de ensino, escolas e professores. O Documento chama atenção para que “a distribuição por ano ou série escolar não deve ser entendida como uma progressão obrigatória. O mais importante “é observar o alcance do conjunto de objetivos nas séries que demarcam a transição entre as etapas – da educação infantil (pré-escola) ao ensino fundamental, dos anos iniciais aos anos finais, destes ao ensino médio e ao término do ensino médio.” Nos componentes Arte e Educação Física, “os objetivos de aprendizagem são apresentados em relação a ciclos de escolarização mais amplos e, ainda em referência às diferentes linguagens e práticas em que se desdobram esses componentes.”
No artigo de hoje paro por aqui, para retomar a BNCC nos próximos. Seguem-se alguns comentários.
A adoção de uma Base Nacional Comum Curricular, prática já adotada em vários países bem sucedidos na educação escolar ajudará, em muito, o entendimento e a prática dos professores em sala de aula; aos gestores dos estabelecimentos escolares no acompanhamento indispensável do ensino e da aprendizagem dos alunos; aos professores e técnicos das Secretarias de Educação estaduais e municipais já que a elas compete a atribuição de administrar e ministrar a Educação Básica.
É a primeira vez que o Brasil oferece aos sistemas de ensino, às escolas, aos professores, e às famílias dos alunos, documento tão minucioso e indispensável para a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem dos alunos.
Cabe uma referência ao Município do Rio de Janeiro que, no período de 1975 a 1979, elaborou as Bases para o Ensino de 1º grau, hoje Ensino Fundamental, por ano escolar, componente curricular e, também para a Pré-Escola, Ensino Especial, deixando a parte diversificada a cargo das escolas e professores, colhendo dessa iniciativa bons resultados.
É extremamente importante esse passo dado pelo Ministério da Educação, uma vez que, além de orientar escolas, professores, famílias dos alunos contribuirá para que os cursos de formação de professores oferecidos pelas Universidades possam formar adequadamente os professores que irão lecionar na pré-escola, ensino fundamental e ensino médio, e para nortear a elaboração de livros didáticos a serem adotados. Para que a Base Nacional Comum Curricular cumpra seu papel faz-se necessário ter um bom corpo docente, permanentemente atualizado. É preciso que todas as escolas de Ensino Fundamental e Médio disponham de professores para todos os conteúdos curriculares. É preciso que todas as pré-Escolas e escolas de Ensino Fundamental e Médio tenham condições físicas e de equipamento que colaborem para um eficiente ensino e aprendizagem.
Sem professores adequadamente formados nos cursos superiores, em que às teorias se juntem as práticas docentes, valorizados, justamente remunerados, o esforço para elaborar as Bases que buscam não a uniformidade, mas a unicidade curricular nacional, o grande passo dado pelo MEC não atingirá seu importante e necessário objetivo.Para escrever esse artigo, sento-me diante do documento impresso com a redação preliminar da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), fruto do trabalho da Comissão instituída pelo Ministério da Educação. É um alentado documento de 301 páginas, que teve como ponto de partida o Plano Nacional de Educação e as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, em suas três etapas.
Seu objetivo é “sinalizar percursos de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos ao longo da Educação Básica.”
Dada sua extensão, vários artigos que escreverei para o “Sem Censura” da Folha Dirigida tratarão da BNCC.
Começo pelos direitos fundamentais para os quais a escola básica deve contribuir, a fim de garantir aos alunos “o desenvolvimento de múltiplas linguagens como recursos próprios; o uso criativo dos recursos de informação e comunicação; a vivência da cultura como realização prazerosa; a percepção e o encantamento com as ciências como o permanente convívio à dúvida; a compreensão da democracia, da justiça e da equidade como resultantes de contínuo envolvimento e participação.”
A seguir, o Documento chama atenção para as necessárias condições que professores e alunos, gestores e demais profissionais deverão dispor nas escolas em que trabalham: um “ambiente de vivência e produção cultural, de corresponsabilidade de todos com o desenvolvimento de todos, contínuo intercâmbio de questões, informações e propostas com sua comunidade, como protagonista social e cultural.” A partir daí, o Documento traça o perfil dessa escola, por etapa da Educação Básica.
Em relação à Educação Infantil, o espaço requer “um ambiente acolhedor, em que cuidados e convívio promovam a socialização, o estabelecimento de vínculos afetivos e de confiança, juntamente com atividades que promovam a aprendizagem e o desenvolvimento.”
Levando em consideração as culturas da comunidade é “necessário criar situações em que o brincar seja contexto promotor do conhecimento de si, do outro e do mundo, em interações amistosas e nas quais se cultivem os cuidados consigo mesmo e com o outro, se estabeleçam atitudes de curiosidade, questionamento, investigação e encantamento.”
Nos primeiros anos escolares do Ensino Fundamental a escola deverá dar “continuidade à Educação Infantil, a par do acolhimento integral à criança e ao apoio a sua socialização.”
Quanto à alfabetização e à introdução aos conhecimentos sistematizados pelas diferentes áreas do conhecimento “deve se dar em articulação com atividades lúdicas, como brincadeiras e jogos; artísticas, como o desenho e o canto; científicas, como a exploração e compreensão de processos naturais e sociais”.
A orientação curricular para os anos iniciais do Ensino Fundamental “precisa integrar áreas de conhecimento, centradas no letramento e na ação alfabetizadora.”
Nos anos escolares finais, “a dimensão lúdica das práticas pedagógicas adquire outras características, em consonância com as mudanças de interesse próprias à faixa etária dos alunos. Essas mudanças devem ser objeto de reflexão dos vários componentes curriculares que devem considerar, ainda, a necessária continuidade do desenvolvimento social e afetivo.”
Como nessa etapa são inseridos novos componentes curriculares a cargo de vários professores é “importante que os compromissos com o processo de letramento, nas dimensões artísticas, científicas, humanísticas, literárias e matemáticas sejam compartilhados entre todos os docentes, o que demanda uma articulação interdisciplinar consistente.”
Já no Ensino Médio, dado ainda o número ainda maior de componentes curriculares, “a articulação interdisciplinar é igualmente importante, no interior de cada área do conhecimento ou entre as áreas. Particularmente cálculo e algoritmos matemáticos, essenciais às ciências naturais, demandam correlações entre diversas aprendizagens e articulação teórica e aplicação práticas.”
O capítulo seguinte da BNCC trata dos princípios, formas de organização e conteúdo para todas as etapas da Educação Básica. Tem início com os direitos e objetivos de aprendizagem relacionados às áreas do conhecimento – Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Linguagens e Matemática e seus respectivos componentes curriculares.
A Base Nacional Comum Curricular refere-se a 60% do currículo. Os outros 40% serão complementados pelos sistemas de ensino, escolas e professores. Esses 40% constituem a parte diversificada do currículo para atender as diferenças regionais brasileiras. É desnecessário assinalar que deve haver articulação entre a parte comum e a diversificada do currículo.
A Base Comum tem como objetivo apresentar os conhecimentos fundamentais aos quais todos os alunos deverão ter acesso para que seus Direitos à Aprendizagem e ao Desenvolvimento sejam assegurados.
Na Educação Infantil, os objetivos de aprendizagem são apresentados “a partir das quatro áreas do conhecimento, tendo como referência campos de experiência potencializadoras das relações das crianças com múltiplas linguagens e conhecimentos.”
Nos Ensinos Fundamental e também no Ensino Médio, os objetivos têm a intenção de oferecer uma orientação mais precisa aos sistemas de ensino, escolas e professores. O Documento chama atenção para que “a distribuição por ano ou série escolar não deve ser entendida como uma progressão obrigatória. O mais importante “é observar o alcance do conjunto de objetivos nas séries que demarcam a transição entre as etapas – da educação infantil (pré-escola) ao ensino fundamental, dos anos iniciais aos anos finais, destes ao ensino médio e ao término do ensino médio.” Nos componentes Arte e Educação Física, “os objetivos de aprendizagem são apresentados em relação a ciclos de escolarização mais amplos e, ainda em referência às diferentes linguagens e práticas em que se desdobram esses componentes.”
No artigo de hoje paro por aqui, para retomar a BNCC nos próximos. Seguem-se alguns comentários.
A adoção de uma Base Nacional Comum Curricular, prática já adotada em vários países bem sucedidos na educação escolar ajudará, em muito, o entendimento e a prática dos professores em sala de aula; aos gestores dos estabelecimentos escolares no acompanhamento indispensável do ensino e da aprendizagem dos alunos; aos professores e técnicos das Secretarias de Educação estaduais e municipais já que a elas compete a atribuição de administrar e ministrar a Educação Básica.
É a primeira vez que o Brasil oferece aos sistemas de ensino, às escolas, aos professores, e às famílias dos alunos, documento tão minucioso e indispensável para a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem dos alunos.
Cabe uma referência ao Município do Rio de Janeiro que, no período de 1975 a 1979, elaborou as Bases para o Ensino de 1º grau, hoje Ensino Fundamental, por ano escolar, componente curricular e, também para a Pré-Escola, Ensino Especial, deixando a parte diversificada a cargo das escolas e professores, colhendo dessa iniciativa bons resultados.
É extremamente importante esse passo dado pelo Ministério da Educação, uma vez que, além de orientar escolas, professores, famílias dos alunos contribuirá para que os cursos de formação de professores oferecidos pelas Universidades possam formar adequadamente os professores que irão lecionar na pré-escola, ensino fundamental e ensino médio, e para nortear a elaboração de livros didáticos a serem adotados. Para que a Base Nacional Comum Curricular cumpra seu papel faz-se necessário ter um bom corpo docente, permanentemente atualizado. É preciso que todas as escolas de Ensino Fundamental e Médio disponham de professores para todos os conteúdos curriculares. É preciso que todas as pré-Escolas e escolas de Ensino Fundamental e Médio tenham condições físicas e de equipamento que colaborem para um eficiente ensino e aprendizagem.
Sem professores adequadamente formados nos cursos superiores, em que às teorias se juntem as práticas docentes, valorizados, justamente remunerados, o esforço para elaborar as Bases que buscam não a uniformidade, mas a unicidade curricular nacional, o grande passo dado pelo MEC não atingirá seu importante e necessário objetivo.
Este artigo reflete, unica e exclusivamente, os pontos de vistas e opiniões do(s) seu(s) autor(es) e não as da Associação Brasileira de Educação - ABE que, portanto, não é responsável nem poderá ser responsabilizada pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza causados em decorrência do uso de tais informações.
A Ditadura da Incultura e da Antiética
Não restam dúvidas que vivemos em um mundo globalizado e cheio de incertezas. Para além dos problemas políticos, econômicos e sociais, que afligem as sociedades em todo o mundo, deparamo-nos com problemas muito preocupantes para o futuro da humanidade, que são as degradações da cultura e da ética, as quais têm prevalecido nos mais diferentes setores da vida coletiva. Essas deteriorações são as origens de quase todas as mazelas sociais e políticas de uma sociedade. O elevado potencial de arruinamento das organizações está sempre relacionado ao grau de cultura de um povo, no caso, à incultura.
A perspectiva de desordem político-social é diretamente proporcional à qualidade cultural de um povo. Entretanto, o que é mais preocupante na conjuntura existencial da humanidade, reveste-se de uma ardilosa armadilha de enaltecer a tese pseudocultural de globalização, em detrimento do altivo campo cultural de um povo. A raiz de nossas patologias, que comprometem o saber e fomentam a desordem social e política, encontradas nos mais diversos âmbitos da vida coletiva, é o aniquilamento da alta cultura e da ética humana.
Estamos observando, estarrecidos, a disseminação de uma falsa cultura na sociedade brasileira, altamente massificada, superficial ao extremo que, por estar ela vinculada a meros, e em muitos casos, levianos entretenimentos, compromete a elevação do espírito humano. Vivemos robotizados num sistema social que apequena a dignidade do cidadão, cotidianamente condenados a vulgaridades televisivas e outras morbidades da mídia em geral, que estimulam os aspectos mais rasteiros e nefastos da existência humana.
A dificuldade de compreender e perceber com clareza a realidade da contemporaneidade na qual estamos inseridos faz proliferar, por absoluta falta de discernimento, lesivas ideologias e vícios recorrentes de uma subcultura medíocre, que revela a mais sórdida expressão sociopolítica, que assola o nosso povo. A abjeção da personalidade humana é definitivamente proporcional ao potencial lesivo da pseudocultura, ou melhor, da ditadura da incultura e da antiética, que não nos deixa notar o abismo existente entre a ignorância da inexatidão filosófico-cultural vigente e a verdadeira cultura. Aquela cultura que purifica a sensibilidade e a ética; que propicia uma nova concepção do mundo, aprimorando a mente e a imaginação humana na mais importante façanha de despertar o ser humano do mórbido sono do comodismo cotidiano, alargando seus horizontes e emancipando-o do infecundo imediatismo.
Exaltando-se o que de mais bizarro e grotesco existe no enfermo sistema de valores sociais do mundo contemporâneo, observa-se o desmoronamento do conjunto de ideias, aspirações, crenças e valores genuínos do ser humano. Para evitar essa tragédia humana sem sentido, faz-se mister libertar o homem da veneração à incultura e à exaltação da face sombria e sórdida do caráter existencial antiético contemporâneo, que vem devastando as instituições, as famílias e a sociedade. O soerguimento cultural para a paz e para a felicidade humana depende do resgate de valores éticos e afetivos, condutas e estratégias de bem viver, que melhor dimensionem a real capacidade da evolução do ser humano. De tal modo, pode ser possível evitar a derrocada ética e cultural humana, impedindo, destarte, a condenação das novas gerações, e aquelas que ainda estão por vir, à barbárie e à estupidez da ditadura globalizante da incultura e do comportamento aético insensato, próprios de uma atmosfera hostil à busca da perfeição e da verdade.
Da mesma forma que a ciência e a tecnologia não têm fronteiras e são parte extraordinária da solução dos problemas da humanidade, a cultura e a ética humana não deveriam ser relegadas pela comunidade científica como algo de menor importância social. Pelo contrário, a ciência e a tecnologia só se estabelecem e se desenvolvem em um ambiente cultural sadio, privilegiado por aspectos éticos indispensáveis ao desenvolvimento humano, no qual aqueles que tiveram mais oportunidades têm o dever, o compromisso moral, de semear o bem comum, tornando o mundo um lugar melhor para todos.
Deveríamos entender que, ressalvadas as características individuais, todos os indivíduos nascem com o mesmo potencial de desenvolvimento e a mesma capacidade de compreensão, contudo, as condições de vida e a conjuntura social nas quais estão inseridos fazem uma expressiva diferença. Cabe aos governos e às instituições organizadas de toda a sociedade a responsabilidade de promoverem, incentivarem e fornecerem, a qualquer custo, as condições básicas fundamentais para que todos possam ter as oportunidades de acessar educação básica, cultura, valores éticos, cidadania, ciência e tecnologia para um mundo melhor.
Este artigo reflete, unica e exclusivamente, os pontos de vistas e opiniões do(s) seu(s) autor(es) e não as da Associação Brasileira de Educação - ABE que, portanto, não é responsável nem poderá ser responsabilizada pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza causados em decorrência do uso de tais informações.
Estrutura do Sistema Educacional Brasileiro a partir da nova LDB
Este artigo reflete, unica e exclusivamente, os pontos de vistas e opiniões do(s) seu(s) autor(es) e não as da Associação Brasileira de Educação - ABE que, portanto, não é responsável nem poderá ser responsabilizada pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza causados em decorrência do uso de tais informações.
Letra "C"
O Clero, chefiado por competente Cardeal, continuou o combate à corrupção em companhia dos cidadãos católicos, clamando, de casa em casa da nossa cativante cidade, para tomarmos cuidado em não nos contagiarmos e que continuemos casados para cassar os corruptos que, centenariamente, conservam esse calamitoso comportamento.
E com pleno consentimento de nosso “CESAR” celestial :
O CARISMÁTICO CRISTO!!!
Este artigo reflete, única e exclusivamente, os pontos de vista e opiniões do(s) seu(s) autor(es) e não as da Associação Brasileira de Educação - ABE que, portanto, não é responsável nem poderá ser responsabilizada pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza causados em decorrência do uso de tais informações.
Amar sem Cessar e Bendita Ditadura
Se eu parar de amar
Prefiro até me matar
Porque a vida sem amor
É uma vida sem sabor
Ditador do bem-estar geral
Decreto a nossa felicidade
Por toda a eternidade!
Publique-se do Diário Oficial do amor
E revoguem-se as disposições em contrário
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