Quem estiver agora iniciando o curso de formação do magistério, se tudo correr bem, sairá formado por volta de 2015. Um ano depois, a criança que estiver nascendo hoje, em 2011, terá entrado na escola em 2017 e já poderá ser sua aluna. Se for exercer o magistério em turma de ensino médio poderá ter alunos nascidos em 2005, que estarão com 15 anos em 2020.
Logo, se há a intenção de melhorar o ensino, a formação profissional dessa coorte demográfica do magistério já deverá ter se concluído um curso onde tenha ocorrido um aperfeiçoado processo de melhoria e apuramento. Mas, sendo os cursos que fizeram os mesmos do ano passado, há que avançar no tempo e começar a aperfeiçoar a eles, os mestres dos futuros mestres dos futuros alunos em 2020.
Os prazos em educação são desse porte, e são medidos por geração. A semente tem que ser plantada e cuidada, tem que germinar, crescer, florescer e dar frutos - que serão colhidos na geração seguinte – e assim sucessivamente.
Claro que se pode sempre acelerar o processo, mas também não se colhe o resultado no dia seguinte.
Não temos como país o hábito de pensar em longo prazo. Somos ótimos de “campanhas”, e péssimos de planejamento e persistência na busca de um objetivo remoto no tempo. Brilhamos no improviso, e nos damos mal nas rotinas. Coisas complicadas, transporte urbano, aeroportos – a tal da infra-estrutura, coisas que custam caro e demoram muito - só nos preocupam a curto prazo: e aí tudo tem que ser feito ao mesmo tempo e na correria porque “afinal as Olimpíadas estão aí mesmo...”
Nos últimos 50 anos a educação brasileira passou por inúmeras mudanças: bruscas, amplas, determinadas de cima para baixo, sem nenhuma consideração quanto às possibilidades de serem aplicadas como concebidas – mais mal do que bem concebidas, diga-se de passagem.
Num país de dimensão continental, abrigando profundas diferenças de toda natureza, com esse quadro, que educação, que ensino se podia esperar fazer?
Algumas coisas podem ser consertadas, outra não - educação e ensino por exemplo. Só o tempo corrige.
É bom tomar cuidado. São sempre grandes os riscos de reincidir nesse equívoco em que estamos atolados desde a década de 60 do século passado, de tentar fazer o progresso na educação acontecer de uma hora para outra. Olha as Olimpíadas!